De pele branca como a neve e lábios vermelhos como a noite, seu nome era Branca de Neve. Mas não se engane: conhecida por todos, e odiada por sua madrasta, ela e sua grande (e quem sabe algo a mais) amiga Jana vão passar por tribulações e provar que ambas têm força para lutar e para vencer!
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X
TIRAR OU NÃO TIRAR PROVEITO DA SITUAÇÃO?
Após ter tudo acertado com a rainha, Söldner pôs-se a trabalhar: como o caçador real havia dito que ele tinha visto Branca de Neve pela última vez na floresta depois do bosque aos arredores do palácio, ele parte para lá — passando antes, porém, pelo centro de Bolisa.
— Vejo que, desta vez, trata-se de uma vítima especial. — Comenta o vendedor de armas ao ver o mercenário com um punhal de ouro.
— Trata-se de uma princesa. — Responde Söldner, orgulhoso.
— Uma princesa...?! — Surpreende-se o vendedor. — E ela tem nome?
— Branca de Neve! Será um trabalho rápido e fácil, já que ela foi vista pela última vez na floresta que existe depois do bosque aos arredores do castelo.
“Atchim!” espirra Jan, ao escutar aquele nome. “Saúde”, responde o vendedor.
O caso era que Jan estava olhando algumas facas de caça e, até aquele momento, nem se dera conta da entrada de Söldner na loja. Ao ouvir o nome de Branca e que ela havia se perdido na floresta, logo raciocinara que se tratava da jovem que ele e seus irmãos tinham encontrado.
— Quanto custa? — Pergunta o mercenário.
— Quarenta peças de ouro. — Responde o vendedor.
O homem retira de uma bolsa presa ao seu cinto as quarenta peças de ouro e as passa ao vendedor, depois se despede e retira-se da loja.
Jan, com uma visível ansiedade no rosto, pega uma das facas de caça no mostruário e a leva ao vendedor.
— Pelo visto você sabe onde Branca de Neve está. — Comenta o vendedor, deixando Jan ainda mais ansioso. — Sabe... os arcos de prata chegaram hoje e comentam por ai que são os melhores que existem... seria uma pena peças desse tipo ficarem abarrotados no porão.
Não tinha jeito: ou o homem comprava um dos arcos ou teria sua vida seriamente em risco...
— VOCÊ FEZ O QUÊ? — Esbraveja Marko ao ver seu irmão voltar com a carteira de moedas vazia.
— EU TIVE QUE COMPRAR O ARCO! — Responde Jan, irritado. — Eu ouvi um mercenário comentar que está atrás de Branca.
— E você nem para disfarçar! Da próxima vez “eu” fico com o dinheiro! — Exclama novamente Marko.
— Irmãos! Por favor! Temos algo mais sério a tratar: nossas hóspedes correm sério perigo. Temos que voltar para casa!
Há um breve momento de silêncio. Momento este em que o seguinte pensamento passou pelas cabeças de três dos quatro irmãos: “se há um mercenário atrás de Branca, é porque ela deve valer alguma coisa”, contudo, Marko é o único a admitir o que estava pensando. “Irmãos, uma coisa passou agora pela minha cabeça: essa Branca deve valer alguma coisa se existe um mercenário atrás de ela” diz ele, surpreendendo a todos.
— Irmão, você quer dizer que devemos tirar proveito da situação? — Pergunta Leon, quase de forma retórica, já que ele mesmo pensava em tirar proveito daquilo.
— Se penso? Claro! Jan, desembucha! Como era esse mercenário?
Até então Jan estava quieto e, é bom dizer, muito surpreso com o pensamento de seus irmãos — mesmo eles sendo ladrões profissionais.
— Era um homem cheio de brincos numa orelha e com a metade da cabeça raspada, sem contar que seu rosto tinha diversas cicatrizes e sua voz soava como um trovão.
— Nossa! Parece um bom partido! — Responde Marko, com sarcasmo. — Pergunto se ele parecia com alguém que pagaria por ajuda ou mesmo por qualquer informação que levasse ao seu alvo.
— Eu não sei! — Responde Jan, visivelmente nervoso. — Irmãos, por favor! O que pensam que estão planejando fazer? Branca e Jana são nossas hóspedes! Nós a acolhemos e agora vamos traí-las? O que nossa mãe diria disso?
— Nossa mãe partiu faz tempo, por isso não deve pensar nada! — Agora quem estava alterado era Marko, apontando o dedo na cara do irmão.
— VOCÊS PAREM COM ISSO! — Esbraveja David. — Não vou mentir: eu também pensei em tirar proveito da situação e conseguir algumas peças de ouro disto tudo, mas Jan está com a razão. Somos ladrões, mas temos honra! Acolhemos Branca e Jana sob nosso teto e temos o dever, pelo o que carregamos nos meio das pernas, de protegê-las!
Entre os quatro o clima, que com toda a discussão entre Jan e Marko havia ficado pesado, dera uma amenizada depois do sermão de David, contudo, quem passava pelos irmãos ainda conseguia sentir a tensão que pairava sobre eles.
— Vamos parar de brigar e voltar para casa. Esse tal mercenário deve estar indo agora mesmo para a floresta e logo deve achar nosso chalé. — Torna a falar David. — E é bom vocês tirarem da cabeça isso de trair nossas hóspedes!
Pegando Steffen e Martin de surpresa, após o banho, Branca e Jana puseram-se a trabalhar: enquanto a primeira cuidava do quarto, colocando todas as roupas, as camas e os criados-mudos em ordem, a dama de companhia preocupava-se com a louça e a cozinha.
— Ei! O que pensa que estão fazendo? Pergunta Martin, ao ver a princesa arrumando não só as suas cuecas, mas as dos seus irmãos, separando-as umas das outras.
— Estou arrumando o quarto. — Responde ela, sem, contudo, virar-se para ele, concentrada em seu afazer.
— Mas vocês são hóspedes! — Argumenta ele, tentando fazer com que Branca parasse de fuçar em seu armário.
— Vocês foram tão gentis conosco que resolvemos retribuí-los. — Responde ela.
Dando-se por vencido, Martin retorna para sala, onde seu irmão Steffen, sentado no sofá, terminava uma garrafa de água-ardente.
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