Ser gordo

Em nossa sociedade e, em especial, a sociedade brasileira, ser gordo — sim, "gordo" mesmo, sem preconceitos ou usos de artifícios como o sufixo "inho" para amenizar o impacto que a palavra provoca — ainda é visto com maus olhos.

Ser obeso ou mesmo possuir apenas um sobrepeso é quase uma senha para que uma maioria julgue-os como "sedentários" ou mesmo "preguiçosos", sem falar no notório "guloso" — como se a pessoa estive pagando por, justamente, ter se entregado a um dos sete pecados capitais. E, ao que me parece, isto não ocorre somente no Brasil.

Recentemente recebi um link de uma amiga portuguesa de um post no blog O Blog da Tereza intitulado A Pessoa que Mais Odeia Gordinhas em Portugal. Fiquei pasmo!

O mesmo traz algumas crônicas de uma mulher chamada Margarida Rebelo Pinto, que discursa justamente a respeito das "gordinhas". Mais uma vez: "fiquei pasmo!"

Eu sei que eu, um simples escritor-blogueiro, não sou ninguém para criticar ou apontar o dedo para alguém, mas as crônicas desta mulher me deixaram de queixo caído com tamanha ignorância e preconceito.

Mas o que esta mulher tem a ver com o preconceito contra gordos no Brasil? Ela demonstra a tendência mundial de apelo à magreza — muitas vezes extrema. Se ainda resta alguma dúvida disto, basta olhar para as modelos que, a todos os momentos, nos rodeiam na televisão; nos panfletos de lojas e etc: todas magras, todas perfeitas.

É claro que a minha intenção não é fazer apologia à gordura ou mesmo à obesidade, mas tentar mostrar que existem "N" motivos para que alguém não seja magra — e que nem sempre uma pessoa magra é, necessariamente, bela.

Infelizmente há mais e mais meninas que se sujeitam as mais diversas — e bizarras — dietas para ficarem magras.

O que me dói, ainda mais, é que mesmo com as diversas campanhas anti-bullying, nas escolas, não é difícil encontrar adolescentes ou até mesmo crianças tristes porque o coleguinha o chamou de gordo — acreditem: dói muito ouvir isto.

Ao fim, creio eu, que uma das melhores maneiras de se mudar este quadro, não importa o país, é pela educação. Ensinar que ser gordo, nas mais diversas vezes, não foi opção da pessoa — principalmente a infantil, sendo culpa diretamente dos pais.

Ser gordo não significa que a pessoa é, obrigatoriamente, o palhaço da turma ou que todos ao redor de ela estejam com ela por pena — quem leu a crônica A Gordinha e as Outras irá entender o que eu estou a dizer. Por favor! Amizade e amor não enxergam peso ou até mesmo beleza.

Amizade é amizade e amor é amor, não importa se seu peso é alto ou baixo ou se seus olhos são claros ou escuros.

De qualquer forma espero que, com o passar dos anos e também o aprimorar da educação, tal quadro e opinião mudem. Será que é sonhar muito com o dia em que veremos uma modelo plus size em um panfleto de lingerie?